CPI: Testemunha plantada?

Senadores falam em ‘testemunha plantada’ e duvidam de áudio com suposta negociação de vacina

Depoente Luiz Dominguetti mostrou áudio em que, segundo ele, deputado Luis Miranda intermediava compra de vacina. Mas presidente da CPI disse que Miranda relatou que áudio foi editado e não tem a ver com vacinas.

Senadores da CPI da Covid acusaram o depoente desta quinta-feira (1º), Luiz Dominguetti, de ser uma “testemunha plantada” e duvidaram do áudio que ele mostrou como sendo pretensamente do deputado Luis Miranda (DEM-DF) intermediando compra de vacina.

Dominguetti se diz representante no Brasil da empresa Davati. Ele entrou na mira da CPI depois de ter dito ao jornal “Folha de S.Paulo” que, ao ofertar doses da vacina AstraZeneca para o Ministério da Saúde, recebeu pedido de propina. Ele acusa o ex-diretor de Logística Roberto Dias.

Na CPI, Dominguetti disse que a Davati recebeu contato de Luis Miranda querendo intermediar a compra de vacinas. Segundo ele, o áudio mostra uma fala de Miranda com o CEO da Davati no Brasil, identificado por Dominguetti como Cristiano.

Ainda de acordo com Dominguetti, Cristiano lhe enviou o áudio no dia em que Miranda esteve na CPI “depondo contra o presidente”.

No áudio mostrado do suposto representante da Davati, a pessoa que ele diz ser Miranda não menciona a palavra “vacina”.

A fala dá a entender que a pessoa está fazendo a intermediação entre o interlocutor (vendedor) e um comprador (que parece ser alguém conhecido do intermediário).

“Se o seu produto estiver no chão, o cara fizer um vídeo, falar meu nome, Luis Miranda, tenho aqui o produto e tal, o meu comprador entende que é fato e encaminha toda a documentação necessária, amarra, faz as travas, faz os contratos todos e bola para frente”, diz um trecho do áudio.

 

Alessandro Vieira pede prisão em flagrante de Dominghetti por “falso testemunho” na CPI

 

Pedido será analisado ao final da sessão desta quinta-feira (1º). Senador afirmou que o depoente, Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da empresa Davati Medical Supply, “prestou um desserviço à nação”

A acusação de Alessandro Vieira é de “falso testemunho”. O senhor “prestou um desserviço à nação”, afirmou o parlamentar, apontando que Dominghetti exibiu mais cedo na CPI um áudio do deputado Luis Miranda (DEM-DF) que ele disse ser relacionado ao tema da vacina, mas que pouco depois o parlamentar disse se tratar de outro assunto. Segundo o deputado do DEM, o áudio foi editado.

Vieira acusou Dominghetti de se prestar a um papel de “desviar o foco” da CPI. “O senhor fez uma denúncia gravíssima, que não foi negada pelo governo, de que se exigiu pagamento de propina para compra de vacinas, mas ao mesmo tempo acrescenta – e isso é instantaneamente viralizado pelas redes automatizadas que atuam para esse grupo político – uma tese de que nós teríamos, na verdade, uma briga de gangues entre fornecedores de insumos e vacina. Não corresponde, ao menos nesse caso, à verdade”.

 

Dominghetti é próximo de ex-comandante da PM-MG e atual presidente da Funasa, entidade ligada ao Ministério da Saúde

 

PM que depõe à CPI da Covid tem estreita ligação com o coronel Giovani Silva, ex-comandante da PM de Minas e desde maio de 2020 comanda a Fundação Nacional de Saúde. Ele também trabalhou na guarita da sede do governo Zema entre 2019 e 2020.

O cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresentou como representante da Davati Medical Supply e depõe nesta quinta-feira (1º) à CPI da Covid, tem relação estreita com o coronel Giovani Silva, ex-comandante da Polícia Militar de Minas Gerais e atual presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entidade vinculada ao Ministério da Saúde.

Giovani foi nomeado para o cargo de comando da PM pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em 2019. E levado a Brasília para assumir a Funasa em maio de 2020. Ele assumiu no lugar de Márcio Sidney Souza Cavalcanti, que ficou apenas dois meses no cargo. O coronel foi uma indicação do Centrão. A portaria de nomeação foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto.

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