Bitcoin pode “mudar o mundo”, mas não a este preço, avalia estrategista
Em meio ao maior escrutínio da China sobre as criptomoedas, o bitcoin (BTC) mergulhou abaixo de US$ 30.000 pela primeira vez desde janeiro, mas recuperou partes das perdas do início da sessão.
A criptomoeda se desvalorizou mais de 50% desde a máxima de quase US$ 65.000 em meados de abril. Isso se compara a um ganho de cerca de 12% para o S&P 500 (SPX) desde o final de dezembro.
A moeda começou 2021 sendo negociada em torno de US$ 29.000, após quadruplicar de valor em 2020. “Qualquer queda significativa abaixo de US$ 30.000 fará com que muitos players joguem a toalha”, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak + Co, que não descarta uma desvalorização ainda maior no curto prazo, mesmo que a moeda “possa mudar o mundo” no longo prazo.
O bitcoin chegou a cair 12% na terça-feira, para US$ 28.824, pouco abaixo do preço de fechamento do ano passado, de US$ 28.997. Outras criptomoedas foram atingidas com mais força: o dash despencou 22% durante a sessão, a xrp perdeu 21%, e o litecoin se desvalorizou 18%.
Observadores de gráficos dizem que o bitcoin, que não conseguiu retornar aos US$ 40.000 na semana passada, pode ter dificuldade em encontrar suporte na faixa dos US$ 20.000 após cair abaixo de US$ 30.000.
Ainda assim, o bitcoin caiu para menos de US$ 30.000 antes desta terça-feira durante pelo menos cinco vezes neste ano, mas se recuperou e foi negociado acima desse nível nessas ocasiões.
É uma desvalorização impressionante para o ativo digital que há apenas algumas semanas subia em meio a uma recepção mais calorosa de Wall Street e de investidores de varejo. Mas a repercussão negativa sobre o uso de energia pela moeda, causada em grande parte por comentários de Elon Musk, fundador da Tesla, bem como pelo escrutínio da China, pressionou ainda mais o bitcoin nas últimas semanas.
Na segunda-feira, o banco central chinês disse que convocou representantes dos maiores bancos, bem como do AliPay, para reiterar a proibição dos serviços de criptomoedas. As autoridades chinesas já tentam minar as operações de mineração de moedas digitais.
Fortes ralis e quedas aceleradas não são atípicos entre o bitcoin e outras criptomoedas. O bitcoin renasceu em 2017, com um salto acima de 1.000% naquele ano, mas se desvalorizou cerca de 75% no ano seguinte. E, no ano passado, avançou 300%.
“A parte mais especulativa do mercado são as criptomoedas”, disse Eric Diton, presidente e diretor-gerente da The Wealth Alliance.
“No final das contas, o que determina o valor do bitcoin é a aceitação e mais demanda e oferta. Quando você tem um país como a China se opondo ao bitcoin, isso realmente prejudica sua aceitação global, e é por isso que vemos essa deterioração do valor.”