Militares que desrespeitam a lei devem ser punidos
A ditadura militar, felizmente, ficou para trás, mas as Forças Armadas sempre estiveram envoltas em uma aura de superioridade no Brasil, como se estivessem acima do bem e do mal. A qualquer problema, Exército, Aeronáutica e Marinha estariam prontos para botar ordem na casa. Puro delírio.
As Forças Armadas são compostas por pessoas comuns, não é a farda que veste seus integrantes que os tornam diferentes da maioria da população. Sabemos que, dentro de casa, os militares convivem com os mesmos problemas que afetam as famílias. Há tristeza e alegria. São cidadãos. Isso deve ficar claro.
Mesmo com a consolidação do regime democrático no Brasil, os militares fizeram questão de se manterem em um pedestal, muitas vezes com uma espada no pescoço do governo legitimamente eleito. Alimentou-se, com isso, o mito de que os quartéis abrigam salvadores da pátria.
Com o discurso de garantia da lei e da ordem, sempre usufruíram das benesses do Estado. E, historicamente, estiveram em todos os golpes de Estado no Brasil. Mais recentemente, os militares decidiram, abertamente, se jogarem de cabeça na política, inclusive com intimidações aos Poderes constituídos.
Tornaram-se, inclusive, patrocinadores de teorias que resultaram numa radicalização nunca vista no Brasil. Chegaram ao ponto de protegerem, em seus territórios, grupos armados que conspiraram contra as instituições democráticas e executaram ataques terroristas ao coração da República.
Muito desse comportamento fora da lei tem a ver com a sensação de impunidade, como se uma farda fosse garantia de salvo-conduto. Os militares brasileiros acreditam, piamente, que o Brasil os teme. Basta um arreganhar de dentes para que façam valer suas posições.
O Brasil não tem medo das Forças Armadas, muito menos de militares golpistas. Foi-se o tempo que a maioria dos brasileiros se recolhia a seu canto, acatando ordens vindas dos quartéis. Militares criminosos devem e serão punidos. Isso acontece no mundo civilizado, e deve prevalecer no Brasil.
Militares não têm de gostar do governante de plantão, e devem bater continência. Têm de seguir o que manda a Constituição, que resume o papel das Forças Armadas à proteção na nação a ataques externos. Exército, Aeronáutica e Marinha não são instituições de Estado, não são poderes moderadores.
Fardados não têm que fazer beicinho quando se sentem contrariados. Que respeitem a democracia, sejam legalistas, cumpram a Constituição e façam o trabalho para o qual são muito bem pagos.