Ela foi batizada com o nome científico B.1.1.529, e também foi rotulada, na sexta-feira, com a letra grega ômicron e designada como uma “variante de preocupação” pela OMS
A descoberta uma nova variante do vírus da covid-19 aparentemente mais contagiosa, encontrada pela primeira vez na África Austral, abalou os mercados, desencadeou a proibição de viagens e colocou os fabricantes de vacinas em alerta. As informações são do jornal japonês Nikkei Asia.
Ela foi batizada com o nome científico B.1.1.529, e também foi rotulada, na sexta-feira, com a letra grega ômicron e designada como uma “variante de preocupação” pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Conforme o jornal, esse rótulo é aplicado a cepas associadas com maior transmissibilidade ou virulência, ou com eficácia reduzida de vacinas ou outras medidas. A ômicron é a quinta variante a receber o status de “preocupação” até agora.
Onde e quando surgiu a nova variante?
A cepa ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul em amostras coletadas no início deste mês. De acordo com o Nikkei Asia, desde então, dezenas de casos foram detectados lá, em sua província mais populosa, que inclui Joanesburgo e Pretória. “O número de casos desta variante parece estar aumentando em quase todas as províncias da África do Sul”, disse a OMS.
Desde então, um punhado de casos foi relatado em locais como Hong Kong, onde a variante foi encontrada em dois passageiros totalmente vacinados em quarentena em um hotel de aeroporto. Foi detectado no Botswana, também localizado no sul da África, bem como em Israel e na Bélgica.
Por quê a variante é preocupante?
Especialistas dizem que a “constelação incomum” de mutações da ômicron pode torná-la mais transmissível e ajudá-la a evitar as vacinas, embora mais pesquisas sejam necessárias para um quadro mais claro, segundo o jornal japonês.
Isso inclui 32 mutações conhecidas na proteína spike – a parte que as vacinas de mRNA, por exemplo, ensinam o sistema imunológico a reconhecer para aumentar as defesas do corpo contra o vírus.
A ômicron parece estar por trás de um aumento no número de casos na África do Sul, que relatou na quinta-feira uma contagem diária de 2.465 novos casos – quase o dobro do dia anterior. A OMS observou um “risco aumentado de reinfecção” em comparação com outras variantes preocupantes e disse que a ômicron foi detectada em taxas mais rápidas do que os picos anteriores, sugerindo que “pode ter uma vantagem de crescimento.”
Os laboratórios de teste relataram que um gene alvo de um teste de PCR amplamente usado não é detectado na variante ômicron, o que pode permitir que seja rastreada mais facilmente.
Como as empresas farmacêuticas estão respondendo?
Embora as vacinas tenham resistido amplamente a outras variantes preocupantes até agora, o Nikkei Asia alega que os fabricantes estão se preparando para ajustar as vacinas, se necessário.
A AstraZeneca disse na sexta-feira que está analisando a variante ômicron para “entender mais sobre ela e o impacto na vacina”, incluindo a realização de pesquisas em Botswana e Eswatini. A empresa também está avaliando seu tratamento com anticorpos contra a nova cepa.
A BioNTech, que desenvolveu uma vacina de mRNA com a Pfizer, disse que saberá em duas semanas se a injeção é eficaz contra a variante. Ela disse que, se necessário, pode adaptar sua vacina em seis semanas e começar a enviar os lotes iniciais em 100 dias.
Como outros países estão respondendo?
Os Estados da União Europeia concordaram em suspender as viagens do sul da África após a detecção da nova variante, disse a presidência da UE na sexta-feira. A Turquia também fechou suas fronteiras para passageiros de cinco países.
O Canadá disse que vai impedir a entrada de cidadãos de sete países do sul da África, enquanto os EUA vão restringir viagens da África do Sul e países vizinhos, a partir de segunda-feira.
Outros países que endureceram restrições ou triagens de viagens incluem Índia, Israel, Suíça e Emirados Árabes Unidos.
A África do Sul se opôs a tais restrições, considerando-as injustificadas.